“O processo de aquisição da linguagem, escrita e do raciocínio
matemático do aluno com Síndrome de Down”
INTRODUÇÃO
Este trabalho faz
uma reflexão sobre a inclusão, à aquisição da leitura e escrita e do
desenvolvimento do raciocínio matemático por parte do aluno com síndrome de
Down. O estudo desse processo pode nortear uma reflexão sobre as ações práticas
que sejam eficientes e importantes na atuação de sucesso do psicopedagogo na
escola, bem como auxiliar o professor que tem em sua sala de aula alunos
inclusos portadores dessa síndrome.
Para identificar e
compreender melhor as limitações desse indivíduo em relação a como se dão esses
aprendizados faz-se necessário a caracterização básica da sua fisiologia;
uma breve descrição de como se dão os processos de aquisição desses
conhecimentos e por fim uma sugestão de metodologia adequada para que seja
cumprida a missão maior do professor, segundo Comenius (2001), “ensinar
tudo a todos”.
CONHECENDO UM POUCO MELHOR O
ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN
DESENVOLVIMENTO
FÍSICO E MENTAL
Nos anos 30,
pesquisas indicavam que, as causas da síndrome de Down estavam relacionadas a
problemas cromossômicos. No entanto, foi em 1956, que as técnicas laboratoriais
mais apuradas, puderam constatar cientificamente que a criança com a síndrome
de Down possui uma anormalidade cromossômica, ocasionada por uma falha no
mecanismo de divisão celular no momento da formação do embrião, na concepção do
indivíduo.
Esse cromossomo
extra traz os genes que interferem no desenvolvimento do feto dando a ele
algumas características físicas diferentes e produzindo um efeito nocivo na
função cerebral. Tais portadores dessa síndrome podem sofrer vários problemas
médicos desde a infância até a vida adulta, numa proporção maior do que a
maioria das pessoas. Sabe-se que o crescimento corporal dessas crianças
mostra-se um pouco mais lento, e por dificuldades de adaptação de alimentação
adquirem mais peso que as crianças de sua idade.
No aspecto social,
são dóceis e amorosos nos relacionamentos.
Os desenvolvimentos
motor e mental também são mais lentos, e por isso na infância, enfrentam
dificuldade natural na aquisição de algumas habilidades. O que não quer dizer
que não podem se desenvolver, mas que necessitam de atenção um pouco maior,
tanto para os primeiros anos de vida em família como na sua inclusão escolar e
social, por parte dos professores e demais profissionais.
Existem algumas características que
estão intimamente relacionadas à síndrome,
como por exemplo: comportamento calmo
e afetivo, prejuízos intelectuais, distúrbios de comportamento, desordens de
conduta e dificuldades generalizadas que afetam a linguagem, a autonomia, a
motricidade e a integração social. (MORAES,
KUBASKI, 2009)
A AQUISIÇÃO DA
ESCRITA E LEITURA
Ao analisar o
processo de aquisição da leitura e escrita, em termos gerais, percebe-se que
este a apropriação do signo ou código se torna eficiente quando se relaciona a
ação de ler e escrever em sua maneira prática com a da percepção do seu uso
histórico-social, respeitando o tempo e a individualidade de cada um.
(...) o professor precisa conhecer as
concepções que a criança desenvolve a respeito da língua escrita enquanto está
construindo suas hipóteses e que tenha consciência de considerar os erros dessa
criança como algo positivo no momento em que ela está em processo de
apropriação de um código. MORAES, KUBASKI (2009)
A primeira face
dessa aquisição é a apropriação e o desenvolvimento da consciência fonológica.
REGO (2010) ressalta:
(...) se
considerarmos que o desenvolvimento da consciência fonológica é um facilitador
da evolução psicogenética e da aprendizagem da leitura e da escrita
transformaremos este tipo de reflexão num alvo pedagógico durante o processo de
alfabetização.
Em se tratando de
alunos com síndrome de Down, o processo de alfabetização e letramento tem essa
mesma base porém, em um ritmo adequado à proporção ao seu desenvolvimento.
Considerando a sua
capacidade individual como qualquer outra criança, MORAES, KUBASKI (2009)
afirma que “o déficit cognitivo que esses indivíduos apresentam, devido a sua
síndrome, não irá impedir que eles se alfabetizem, porém ela acarretará uma
alteração no ritmo de suas aprendizagens”.
O RACIOCÍNIO
LÓGICO-MATEMÁTICO
Na apropriação do
raciocínio lógico matemático, constata-se que além de se fazer necessário um
mediador que compreenda a matemática como ciência e saiba da importância de se
ensiná-la como tal, também é imprescindível que a criança já tenha alcançado a
maturidade fisiológica ou o desenvolvimento mental próprio para apropriação da
capacidade de abstração.
ATT21 (2005), apud GROENWALD
(2010), afirma que as apreensões e compreensões e do conhecimento matemático se
dão por meio de percepção, memória e linguagem.
PEREIRA (2012)
lembra que o aluno aprende com o seu erro, desde que ele o resolva
corretamente. E, para que isso aconteça, o mediador deve levar o aluno à
reflexão sobre a sua ação indicando as possibilidades, permitindo que este
compreenda o seu próprio raciocínio. Essa prática pedagógica é necessária para
que o pensamento lógico-matemátco seja desenvolvido de maneira comum a todos os
alunos.
Os alunos com
síndrome de Down apresentam dificuldades de generalização, reflexão,
lentidão na absorção e na acomodação da informação. O processamento de resposta
ao abstrato é dificultado pela pequena capacidade de armazenamento de
aprendizagens.
As características de aprendizagem em
pessoas com SD são: como em leitura, em
Matemática, etc., esquecem
rapidamente; apresentam tendência a evitar tarefas que são difíceis;
dificuldades na aprendizagem da Linguagem, na comunicação e nos aspectos
expressivos; apresentam pouca motivação para determinadas tarefas. Assim, esses
aprendizes apresentam dificuldades visual e auditiva, para reconhecer objetos
em três dimensões e fazer cópia e reprodução de figuras geométricas,
necessitando de atividades práticas e motivadoras, pois levam mais tempo para
processar as informações; apresentam dificuldades de memorizar e assimilar os conceitos
matemáticos necessitando de atividades com materiais concretos; e possuem
diferentes anomalias, apresentam dificuldades de comunicação, precisam de uma
operação mental de abstração mais sintetizada para organizar o pensamento e
processar o vocabulário durante a aquisição do conhecimento.(GROENWALD, 2010)
Para esses alunos,
a prática pedagógica deverá ser diferenciada no sentido de uso de metodologia e
tempo de execução de plano de ensino.
METODOLOGIA
ADEQUADA
O processo de
aquisição da leitura, escrita e pensamento lógico-matemático seguem a mesma
base. A prática didática fundamentada corretamente trará os frutos nesse
projeto. O professor precisa conhecer o aluno em sua individualidade, observar
o seu tempo de aprendizado, o seu ritmo pessoal e adequar o método.
É de suma importância, que o
professor utilize uma metodologia adequada a realidade do contexto escolar no
qual se encontram essas crianças. É preciso instigar o aluno, motivando-o para
que ele conquiste sua autonomia no processo de apropriação da leitura e da
escrita.MORAES, KUBASKI (2009)
Ação essa que
poderá ser a mesma aplicada numa sala homogênea, porém com a análise de
adequação do tempo de alcance.
Leituras com
representações, visualizações; atividades práticas com materiais concretos e o
uso de softwares matemáticos como o (ITS) Sistema Tutorial Inteligente, com
programas específicos para cada uma dessas áreas, podem colaborar para a
inclusão do aluno com síndrome de Down em seu aprendizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seja o aluno,
detentor dessa síndrome ou de qualquer outra dificuldade a conclusão que se
chega é a mesma: respeito à individualidade, observação e prática da pedagogia
do ensinar se baseado nos diversos estudos das ciências cognitivas, trarão
êxito a qualquer projeto de inclusão.
Observando muito
mais a qualidade da atenção dada a esses alunos do que a quantidade,
tratando-os com amor e paciência, o professor terá sua conquista realizada.
No caso dos alunos
com a síndrome de Down, a paciência e a perseverança, por parte tanto da
família como do professor, são requisitos essenciais para o bom desenvolvimento
de suas potencialidades.
REFERÊNCIAS
GROENWALD, Claudia Lisete Oliveira;
et al.. Eixos convergentes na aprendizagem matemática de alunos com
Síndrome de Down. Revemat: Revista Eletrônica de Educação, v. 5, n. 1,
p.25- 37, Florianópolis, 2010. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/revemat/article/
view/1981-1322.2010v5n1p25>. Acesso em: 10 jun. 2012.
MORAES, Violeta Porto; KUBASKI, Cristiane. As inquietações
ocasionadas na alfabetização de crianças com Síndrome de Down na rede regular
de ensino.EDUCERE, 2009. Disponível em: <http://
www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3199_1785.pdf>. Acesso
em: 10 jun. 2012.
PAULA, Lucimara, Alfabetização e Letramento, p. 1-70, 2012.
Disponível em:
<http://anhanguera.com>. Acesso em: 1 fev. 2012.
PEREIRA, Potiguara Acácio. Desenvolvimento do Pensamento Lógico Matemático. Departamento de
Extensão e Pós-Graduação. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2012.
Disponível em: <www.anhanguera.com>. Acesso em: 1 fev. 2012.
PUESCHEL, Siegfrield. Síndrome de Down: guia para pais e educadores. São
Paulo:
Papirus, 1993.
SILVA, Nancy Capretz Batista da Silva, Aquisição da linguagem e escrita p. 1-70, 2012.
Disponível em: <http://anhanguera.com>. Acesso em: 10 set. 2012.